Neil Young & Crazy Horse: crítica de ‘Americana’ (2012)



Nota: 9


Trigésimo-quarto álbum de estúdio de Neil Young, Americana é um dos mais belos discos gravados pelo cantor e guitarrista canadense em sua longa carreira. Novamente ao lado dos chapas da Crazy Horse - a última parceria havia rolado há 9 anos, em Greendale (2003) - e retomando o trabalho com o guitarrista Frank “Poncho” Sampedro - com quem não trocava acordes desde Broken Arrow, de 1996 -, Young voa alto em Americana.


O disco é composto apenas por músicas clássicas do folclore norte-americano, presentes no inconsciente coletivo dos cidadãos dos Estados Unidos. Um trabalho arqueológico irrepreensível, que revisita uma tradição de mais de dois séculos em quase uma hora de puro prazer sonoro.


Young, ao lado de Sampedro, Billy Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria), trabalhou cada faixa individualmente, reinventando composições históricas, mexendo nas melodias, imaginando novos arranjos. O repertório conta a história dos EUA através da música, indo de hinos da época da Guerra Civil como “Oh Susannah”, “Clementine”, “Tom Dula” e “Gallows Pole” a spirituals célebres como “Jesus’ Chariot (She’ll Be Coming Round the Mountain)”, culminando com “God Save the Queen”, hino do Reino Unido que Neil, quando criança, cantava junto com os colegas de escola no Canadá.


Todas as onze faixas de Americana foram gravadas ao vivo pelo quarteto - a exceção são alguns backing vocals adicionados depois -, característica que torna o disco ainda mais forte. Há erros de andamento, desafinações, notas erradas, e essas fatores fazem de Americana um disco orgânico, despojado e verdadeiro como poucos, que toca fundo em qualquer pessoa que ama a música.


Destaque para “Oh Susannah” (com acordes idênticos aos de “Venus”, do Shocking Blue), “Tom Dula”, “High Flyin’ Bird”, “Jesus’ Chariot ( She’ll Be Coming Round the Mountain)”, “This Land is Your Land” e “God Save the Queen”.


O resultado final é admirável: a maioria das faixas soam superiores às dezenas de versões já existentes. Além disso, apresentam e servem de porta de entrada da rica história musical dos Estados Unidos - terra natal do blues, do jazz, do funk e do rock -, para novos ouvintes.


Americana não é apenas o melhor disco de Neil Young desde Sleeps with Angels (1994), mas, com certeza absoluta, um dos grandes álbuns do ano.




Faixas:
  1. Oh Susannah
  2. Clementine
  3. Tom Dula
  4. Gallows Pole
  5. Get a Job
  6. Travel On
  7. High Flyin’ Bird
  8. Jesus’ Chariot (She’ll Be Coming Round the Mountain)
  9. This Land is Your Land
  10. Wayfarin’ Stranger
  11. God Save the Queen

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