Saint Vitus: crítica de ‘Lillie: F-65’ (2012)


Nota: 8


O Saint Vitus é um dos nomes mais importantes e influentes da história do doom metal. Criada em Los Angeles no final dos anos setenta, a banda lançou o seu primeiro disco em 1984 e serviu de guia e referência para toda uma geração. Lillie: F-65, lançado no último dia 27 de abril pela Season of Mist, é o oitavo álbum da banda e o primeiro trabalho de inéditas desde Die Healing, de 1995. Além disso, o disco marca o retorno do vocalista Scott “Wino” Weinrich ao grupo e é o primeiro a contar com a sua voz desde V, de 1990.


Produzido por Tony Reed, Lillie: F-65 tem uma sonoridade que remete diretamente ao clássico Master of Reality, lançado pelo Black Sabbath em julho de 1971. O timbre da guitarra de Dave Chandler é gordo, grave, gordurento, remetendo aos primeiros anos do Sabbath. Esse fator, aliado aos andamentos sempre cadenciados, característica predominante do doom, tornam o trabalho extremamente pesado e sombrio. Soma-se isso ao fato das músicas serem todas construídas a partir da estrutura padrão do blues e temos um trabalho que remete às raízes do heavy metal e ao seu surgimento e consolidação como gênero musical. Um tipo de som que acabou sendo deixado para trás pela maioria dos grupos a partir do advento da New Wave of British Heavy Metal, quando as bandas afastaram o som pesado do blues e investiram em doses cada vez maiores de melodia e agressividade.


“Let Them Fall” abre o play com o pé direito, ótima impressão que “The Bleeding Ground” mantém. A inclusão de algumas vinhetas e trechos instrumentais introdutórios dá um clima ainda mais soturno ao material, principalmente por essas passagens levarem a música em direção ao psicodelismo. Chandler brilha acima dos outros músicos, entregando riffs que levam adiante o legado único de Tony Iommi. O outro destaque é Wino, cujo vocal nada sutil torna o som do quarteto ainda mais forte, áspero e perturbador.


Descontando-se alguns delizes, como o riff de “Blessed Night” ser praticamente o mesmo de “After Forever”, do Sabbath, e a semelhança das linhas vocais de Wino em algumas faixas, o resultado final é um trabalho dono de uma beleza lúgubre, cujo único defeito é o fato de durar apenas 33 minutos. Para quem esperou 17 anos por um álbum de inéditas e 22 para um novo disco com o vocalista, convenhamos que isso pode ser um pouco decepcionante. Porém, apesar de curto, Lillie: F-65 não desperdiça o tempo do ouvinte, fazendo valer cada segundo. 


Ouça, vale a pena!




Faixas:
  1. Let Them Fall
  2. The Bleeding Ground
  3. Vertigo
  4. Blessed Night
  5. The Waste of Time
  6. Dependence
  7. Withdrawal

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